Nas últimas décadas, o Brasil rural consolidou uma rede de agroindústrias: a laranja passou a virar suco; o algodão atraiu indústrias de tecido; o eucalipto e o pinus alavancaram a produção de papel e celulose e, mesmo as velhas usinas de cana, que antes faziam apenas açúcar, passaram a fabricar também etanol e energia elétrica, com o bagaço.
No Centro-Oeste, o desenvolvimento da agricultura também acabou atraindo muitas agroindústrias ao longo tempo. Uma delas, em Primavera do Leste (MT) trabalha com o beneficiamento da soja. Lá dentro, o grão é esmagado e processado em alta temperatura para extração do óleo de soja, mas o óleo não é principal produto.
Das 3 mil toneladas de soja beneficiadas por dia em uma indústria, 80% são tranformados em farelo, que é como fica o grão depois de passar por todas a etapas de processamento. O farelo de soja é hoje um dos principais componentes para a fabricação de ração animal.
A abundância de farelos de soja e de milho também foi decisiva para a formação de uma grande cadeia produtiva de frango, uma atividade que nos anos 1960 tinha pouca importância. Atualmente, o Brasil é o um dos maiores produtores do mundo e granjas equipadas se tornaram comuns em várias regiões do país.
No município paulista de Artur Nogueira, a família Bassi cria frango há três gerações. O seu Rodolfo começou na atividade em 1971. Depois, passou a batuta para o filho, Francisco, que hoje já está transferindo o negócio para os filhos dele, Edson e Fábio.
A família guarda com cuidado fotos do início da criação. O Edson, que tem hoje 36 anos, aparece no meio dos pintinhos. Naquele tempo, nos anos 1970, cada ave demorava uns 70 dias para chegar ao ponto de abate, pesando 2 kg. Hoje, bastam 45 dias para o frango ser vendido, com 2,8 kg.
Com o trabalho na granja, ao longo de três gerações a família Bassi conquistou uma boa qualidade de vida lá mesmo no sítio.
Hoje, as cadeias de boi, porco e frango produzem o suficiente para alimentar todo o mercado interno. E ainda sobra muita carne para exportação. Aliás, as vendas para fora também merecem destaque.
Segundo dados do IBGE, em 1965, a agropecuária brasileira registrou exportações de US$ 1,3, mas isso nos números da época. Considerando toda a inflação do período, o valor exportado seria o equivalente, hoje, a US$ 9,9 bilhões. Para se ter uma ideia da evolução dos nossos embarques, agora, em 2014, o agronegócio brasileiro fechou o ano com exportações de US$ 96,7 bilhões. Ou seja, ao longo desse tempo, os negócios com o exterior deram um salto e se multiplicaram quase que por dez.
O presidente da Embrapa, Maurício Lopes, lembra que, com o grande salto das últimas décadas, o Brasil já é hoje um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. E essa liderança só deve aumentar daqui pra frente.
E se agropecuária brasileira mudou muito nos últimos 50 anos, o que podemos esperar dos próximos 50? Produção de alimentos, proteção da natureza, geração de riquezas e paz. Tomara que o sonho dos nossos agricultores, pesquisadores e trabalhadores do campo se transforme em realidade. O Brasil agradece, e o planeta também. |